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The diaspora of agency

Been working on two books in Portuguese, one on animism (working title "Traces of future animism") and one on monadologies ("The diaspora of agency"). The latter has 7 chapters, one on Leibniz, one on what is a monadology in general, one on Tarde, one on Whitehead, one on Latour, one on monadology and speculation and a last one on the limits of monadology. I copy below few paragraphs of the section I'm working on, a section on Whitehead and panpsychism:

Panpsiquismo?
Todas as entidades atuais – incluindo Deus – são dotadas de uma elemento físico e de um elemento vivo que as conecta através de sua busca de satisfação, de seu avanço criativo e de seu senso de propósito. Isso constitui o polo mental que compõe cada atualidade. Steven Shaviro1 entende que o passo que Whitehead promove ao estender este polo para além do humano é o de um panpsiquismo. De fato, Whitehead, como vimos, pensava que a física é insuficiente para lidar com este polo que escapa aos procedimentos de medição. Shaviro aproxima a posição de Whitehead dos debates realistas especulativos2 que reabilitam metafísicas que procuram exorcizar a anomalia humana seja por distribuir elementos de agência no não-humano, seja por destituir também o humano de qualquer nódoa de agência.3 As duas direções são movidas por saltos especulativos como os prescritos pelo método de Whitehead: encontrar uma análise dos fenómenos conhecidos que seja capaz de ser projetada para além deles, em direção ao desconhecido. Os fenómenos conhecidos seriam como uma boa pista de decolagem para um voo que permita ver bastante do que não se conhece, na imagem do avião de Whitehead.4 As duas direções então tomam como fenómeno conhecido ou a agência – tal como ela parece estar presente entre os humanos – ou a ausência dela – tal como ela parece ocorrer entre o que é natural. No primeiro caso, há uma direção panpsiquista. É nessa direção que se encontra a ontologia orientada a objetos proposta por Graham Harman que é uma forma de ontologia de agentes atômicos onde cada objeto tem um qualidades e presenças tanto aparentes para os demais em relações quanto recônditas e inescrutáveis.5 É nessa direção também que se encontram as monadologias em geral, a filosofia do processo e a filosofia do organismo de Whitehead em particular. Na direção oposta se encontram as muitas formas de eliminativismo, de Dennett ou dos Churchlands ou na versão especulativa de Brassier6 segundo as quais há que se prosseguir no desencantamento do mundo abandonando qualquer exceção humana. Aquilo que Shaviro denomina de tendências panpsiquistas são movidas por uma repulsa aos dualismos que separa o que existe entre aquilo que é provido e aquilo que é isento de agência – a mesma repulsa que propulsiona o eliminativismo. As duas direções se distinguem com respeito à importância da pista de decolagem da experiência subjetiva tal como foi descrita por Descartes – como um ponto de partida o mais seguro possível. Para a direção panpsiquista, a experiência subjetiva, incluindo a experiência dos elementos de agência, são a parte a ser preservada da herança cartesiana – rechaçado o dualismo, a experiência subjetiva pode ser vista como tendo recebido uma descrição decisiva por parte de Descartes.

Esta descrição é endossada pelo movimento que Galen Strawson faz de um fisicalismo sensato7 – que acredita que tudo o que existe é físico e não que tudo o que existe é tal como os itens das teorias físicas, presentes ou futuras – a um panpsiquismo. Assim como Russell, Strawson entende que a física não pode tratar da experiência de coisa alguma já que ela não pode fazer mais do que medir quantidades. Assim como Whitehead, ele toma a descrição cartesiana da experiência como um ponto de partida que revela alguma coisa acerca do que há. Strawson pensa que a experiência, sendo aquilo que pode ser duvidado menos que qualquer outra coisa, não pode ser descartada e nem explicada em termos de qualidades emergentes de propriedades físicas – o salto que uma tal emergência requereria seria ainda mais amplo que aquele que faria a espacialidade surgir de unidades abstratas. Assim como a espacialidade, que em Whitehead está parcialmente presente8 na extensão das ocasiões atuais, e experiência ou está presente nos componentes últimos do mundo ou jamais pode aparecer. Strawson argumenta que o panpsiquismo é a única alternativa ao eliminativismo, já que qualquer outra opção implica algum tipo de dualismo que, também como Whitehead, ele quer evitar. Se o argumento de Strawson acerca da implausibilidade da emergência da experiência pode se aplicar também a agência – ela também, não podendo ser descartada, não pode surgir de nada que por si mesmo não tenha agência –, sua posição é próxima da de Whitehead. A filosofia do organismo concebe que o polo mental não pode surgir ex nihilo de parte alguma, e nem pode ser decomposto em partes onde ele não esteja presente. É a partir de entidades atuais – a partir de respostas a perguntas que já são implicitamente de tipo quem – que se pode explicar cada episódio de polo mental.

Porém Strawson não se compromete com uma particular distribuição da capacidade de ter experiência – e menos ainda da capacidade de ter agência. Ele apenas defende a ideia de que há experiência entre os componentes últimos do universo em uma descrição em nível abstrato.9 Além de não se comprometer diretamente com uma ontologia de agentes, Strawson não se compromete com nenhum vínculo entre experiência e interdependência. Sua posição acerca da diáspora da experiência permanece tão próxima da de Leibniz quanto da de Descartes – a ele está aberta a possibilidade de que haja, não um polo mental no sentido monadológico em tudo, mas uma substância mental que constitua todas o mobiliário básico do universo. Além de não descartar a substancialidade, como faz Whitehead, ele também não exorciza a concepção da experiência associada a uma instância subjetiva, próxima de um foro privado – como o intransponivelmente subjetivo da experiência sonocêntrica na pergunta de Thomas Nagel acerca de como é ser um morcego.10 A imagem em alto nível de abstração de Strawson está assim tão próxima daquela que entende a experiência como sendo inexoravelmente privada quanto daquela que a associa à posição de uma atualidade no mundo e acontecimento algum é meramente público ou meramente privado.11 De um ponto de vista monadológico, não há nada interno à atualidade que não seja ela mesma um conteúdo de experiência que, por sua vez, só recebe alguma matiz singular pela interdependência com outros episódios de experiência e não por meio de algum substrato alheio a qualquer predicação. A subjetividade monadológica não é aquela de um foro privado desvinculado de toda experiência de algo público, mas está em uma perspectiva sobre tudo o que há de externo. Para Whitehead, uma entidade atual é constituída de experiências e, por sua vez, tem experiências cujo conteúdo é de experiências: o público e o privado se constituem ambos de experiência, e ela requer atualidades a tendo e atualidades sendo dela objeto – sujeitos e superjeitos.

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