The hand-out of my presentation:
Algumas observações sobre a metafísica da contingência
O problema de Xandoca: Pode haver a metafísica tratar da contingência? Ou esta seria apenas uma metafísica negativa no sentido de que ela não trataria da contingência (a contingência é o que é deixado de lado pela metafísica)? Um tratamento metafísico da contingência não a tornaria não-contingente?
O problema da metafísica com a contingência:
1. (Aristoteles) A metafísica procura encontrar conexões necessárias no concreto (no sensível). O conhecimento (metafísico) é conhecimento do necessário (e do permanente).
2. (Heráclito/Platão/Hume) Pode ser que não haja conexões necessárias no concreto (ou não haja conexões necessárias que possam ser detectadas, ou nenhuma conexão necessária dê forma ao concreto).
Uma conclusão: (Kant) A metafísica deve procurar conexões necessárias em algum outro lugar (por exemplo, entre normas transcendentais ou regras semânticas).
Outra conclusão: A metafísica deve focar no concreto mesmo que nele não haja conexões necessárias.
Problema: Pode o não-necessário ser conhecido (ou tratado, ou entendido)?
Esquema de resposta: O efeito Doppler modal (o temporário em contraste com o necessário – o contingente em contraste com o necessário).
Que contraste? Lógica/a posteriori (Hume), suprasensível/sensível (Platão), princípio da razão insuficiente/facticidade (Meillassoux), substancial/acidental (Aristoteles).
De qual lado do contraste? Necessidade que explica contingência (biologia ou geologia, princípio da razão insuficiente), contingência que explica necessidade (empirismos radicais, pluralismos de necessidades).
A tese: (BUG) Sumbebeka prota ton onton; uma metafísica é um mapa de uma realidade onde a contingência é a peça principal (mas não o constituinte último de tudo).
Dois sentidos de contingência:
1. O oposto de compulsório (algo então pode ser físicamente contingente mas biologicamente necessário etc). Leibniz.
2. O oposto de determinado (algo pode ser determinado e contingente, sem ser compulsório). Meillassoux.
Contingência e contingentismo: uma metafísica da contingência não precisa ser nem Miller-contingentista (Kristie Miller: algumas teses metafísicas não são necessárias) e nem Williamson-contingentista (Tim Williamson: a tese de que tudo é necessariamente alguma coisa é falsa).
Contingência e alteração: ser contingente é poder ser outro (o parricidio), ser impermanente e também não estar sob nenhum jugo determinante. Outros eventos, outros pensamentos, outros agentes. Do ponto de vista de quem é, poder ser alterado (interrompido) por um mundo externo, por seus próprios estados internos, por outros existentes. O problema da contingência e o problema do outro.
BUG: O contraste entre contingência e necessidade preferencialmente do ponto de vista da contingência. Anarqueologia: o estudo do desgovernado, do acidental, do que está aberto, do que pode ser alterado.
Três modos de alteração (três ontoscopias): uma monadologia de fragmentos, uma ontologia da dúvida, uma ontologia orientada à ritmos.
Monadologia dos fragmentos: Leibniz e a contingência determinada, neo-monadologias (Gabriel Tarde, Alfred Whitehead, Bruno Latour), pluralismo sem atomismo.
Agência e filosofia do processo: se há apenas contingência no concreto (Meillassoux) não há agência – um agente é um comandante, um gerador de necessidade.
Características gerais de uma monadologia:
0. Nenhuma entidade básica concreta é igual a nenhuma outra.
1. O princípio ontológico: sem entidades (agentes) não há explicação.
2. Ontologia plana.
3. Tudo percebe (esse est percipi & percipere).
4. Não há substratos.
5. Não há atualidades vácuas.
Outras dimensões: Williamson-contingentismo, niilismo de prioridade, anti-haecceitismo…
Três modos de existência: fragmentos, composições, compositores.
Ontologia da dúvida: razão insuficiente na indeterminação, o exercício da dúvida, a epokhé. Neopirronismo e o renegado Enesidemo: como suspender o juízo acerca das determinações.
O tabuleiro das dúvidas e das determinações: dobradiças, o fundamento da dúvida, Wittgenstein-Davidson, dúvidas requerem determinações.
Examinar o conhecimento do contingente através do exercício da dúvida: o trabalho da suspensão do juízo, a dúvida alcançada ou como tarefa. (Uma epistemologia da dúvida e o realismo sobre as indeterminações.)
Ontologia orientada à ritmos: uma metafísica de eventos co-existentes e contemporâneos, Carol Cleland: mudança de estado em uma propriedade determinável.
Eventos como batidas: a precedência do relógio sobre o tempo, a repetição (que altera alguma coisa no olho de quem a contempla), simultaneidade como constituinte do tempo, time e timing.
Contágio: o modo de alteração de um evento por meio de outro (que não está conectado necessariamente ao primeiro).
Galáxias: Pluralidade e contingência.
Fixar aquilo que não se altera: Em uma lógica, há o inalterável e o contingente. Se a lógica é ela mesma alterável (e não há uma superlógica que coordene as alterações), então tudo é alterável, há uma prevalência da contingência.
Porém não se trata de uma prevalência em que tudo é contingente.
Efeito Doppler outra vez: Porém se não há nada de fixo, nenhuma alteração pode ser percebida; é apenas através de algum fixo que é possível conceber a alteração.
Algumas observações sobre a metafísica da contingência
O problema de Xandoca: Pode haver a metafísica tratar da contingência? Ou esta seria apenas uma metafísica negativa no sentido de que ela não trataria da contingência (a contingência é o que é deixado de lado pela metafísica)? Um tratamento metafísico da contingência não a tornaria não-contingente?
O problema da metafísica com a contingência:
1. (Aristoteles) A metafísica procura encontrar conexões necessárias no concreto (no sensível). O conhecimento (metafísico) é conhecimento do necessário (e do permanente).
2. (Heráclito/Platão/Hume) Pode ser que não haja conexões necessárias no concreto (ou não haja conexões necessárias que possam ser detectadas, ou nenhuma conexão necessária dê forma ao concreto).
Uma conclusão: (Kant) A metafísica deve procurar conexões necessárias em algum outro lugar (por exemplo, entre normas transcendentais ou regras semânticas).
Outra conclusão: A metafísica deve focar no concreto mesmo que nele não haja conexões necessárias.
Problema: Pode o não-necessário ser conhecido (ou tratado, ou entendido)?
Esquema de resposta: O efeito Doppler modal (o temporário em contraste com o necessário – o contingente em contraste com o necessário).
Que contraste? Lógica/a posteriori (Hume), suprasensível/sensível (Platão), princípio da razão insuficiente/facticidade (Meillassoux), substancial/acidental (Aristoteles).
De qual lado do contraste? Necessidade que explica contingência (biologia ou geologia, princípio da razão insuficiente), contingência que explica necessidade (empirismos radicais, pluralismos de necessidades).
A tese: (BUG) Sumbebeka prota ton onton; uma metafísica é um mapa de uma realidade onde a contingência é a peça principal (mas não o constituinte último de tudo).
Dois sentidos de contingência:
1. O oposto de compulsório (algo então pode ser físicamente contingente mas biologicamente necessário etc). Leibniz.
2. O oposto de determinado (algo pode ser determinado e contingente, sem ser compulsório). Meillassoux.
Contingência e contingentismo: uma metafísica da contingência não precisa ser nem Miller-contingentista (Kristie Miller: algumas teses metafísicas não são necessárias) e nem Williamson-contingentista (Tim Williamson: a tese de que tudo é necessariamente alguma coisa é falsa).
Contingência e alteração: ser contingente é poder ser outro (o parricidio), ser impermanente e também não estar sob nenhum jugo determinante. Outros eventos, outros pensamentos, outros agentes. Do ponto de vista de quem é, poder ser alterado (interrompido) por um mundo externo, por seus próprios estados internos, por outros existentes. O problema da contingência e o problema do outro.
BUG: O contraste entre contingência e necessidade preferencialmente do ponto de vista da contingência. Anarqueologia: o estudo do desgovernado, do acidental, do que está aberto, do que pode ser alterado.
Três modos de alteração (três ontoscopias): uma monadologia de fragmentos, uma ontologia da dúvida, uma ontologia orientada à ritmos.
Monadologia dos fragmentos: Leibniz e a contingência determinada, neo-monadologias (Gabriel Tarde, Alfred Whitehead, Bruno Latour), pluralismo sem atomismo.
Agência e filosofia do processo: se há apenas contingência no concreto (Meillassoux) não há agência – um agente é um comandante, um gerador de necessidade.
Características gerais de uma monadologia:
0. Nenhuma entidade básica concreta é igual a nenhuma outra.
1. O princípio ontológico: sem entidades (agentes) não há explicação.
2. Ontologia plana.
3. Tudo percebe (esse est percipi & percipere).
4. Não há substratos.
5. Não há atualidades vácuas.
Outras dimensões: Williamson-contingentismo, niilismo de prioridade, anti-haecceitismo…
Três modos de existência: fragmentos, composições, compositores.
Ontologia da dúvida: razão insuficiente na indeterminação, o exercício da dúvida, a epokhé. Neopirronismo e o renegado Enesidemo: como suspender o juízo acerca das determinações.
O tabuleiro das dúvidas e das determinações: dobradiças, o fundamento da dúvida, Wittgenstein-Davidson, dúvidas requerem determinações.
Examinar o conhecimento do contingente através do exercício da dúvida: o trabalho da suspensão do juízo, a dúvida alcançada ou como tarefa. (Uma epistemologia da dúvida e o realismo sobre as indeterminações.)
Ontologia orientada à ritmos: uma metafísica de eventos co-existentes e contemporâneos, Carol Cleland: mudança de estado em uma propriedade determinável.
Eventos como batidas: a precedência do relógio sobre o tempo, a repetição (que altera alguma coisa no olho de quem a contempla), simultaneidade como constituinte do tempo, time e timing.
Contágio: o modo de alteração de um evento por meio de outro (que não está conectado necessariamente ao primeiro).
Galáxias: Pluralidade e contingência.
Fixar aquilo que não se altera: Em uma lógica, há o inalterável e o contingente. Se a lógica é ela mesma alterável (e não há uma superlógica que coordene as alterações), então tudo é alterável, há uma prevalência da contingência.
Porém não se trata de uma prevalência em que tudo é contingente.
Efeito Doppler outra vez: Porém se não há nada de fixo, nenhuma alteração pode ser percebida; é apenas através de algum fixo que é possível conceber a alteração.
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